terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Calvície, e agora?



A alopecia androgenética, também conhecida como calvície masculina, é a maior causa da perda dos cabelos nos homens. A incidência dessa doença é determinada por influências genéticas, sendo que a prevalência mais alta está entre aqueles com ascendência europeia.

Como ocorre a calvície

Em primeiro lugar, vale a pena explicarmos um conceito fundamental que é o mecanismo através do qual a doença surge e se manifesta. A maior parte das pessoas acredita que os cabelo ficam ralos porque caem mais do que o normal. Isso é um engano muito comum! Na realidade, o que ocorre é que os hormônios masculinos (testosterona e seus derivados) se ligam a receptores próprios que ficam nos pelos, levando à miniaturização dos fios em pacientes geneticamente suscetíveis. Neste sentido, é interessante saber a idade com que os parentes do indivíduo começaram a observar a diminuição dos cabelos. Devemos idealmente intervir antes disso.

Sabemos que as manifestações clínicas da calvície masculina são variáveis e os primeiros sinais podem surgir já na adolescência, com alguns padrões característicos de perda dos cabelos. As "entradas", conhecidas por "alopecia androgenética de padrão bitemporal", constituem a manifestação inicial. Na sequência, ocorre a perda no vértex (topo da cabeça) e na região mediana, preservando o cabelo da área occipital (mais próxima ao pescoço).


O hormônio di-hidrotestosterona ou DHT pode ser produzido a partir da testosterona circulante, em uma reação química possível graças a uma enzima (proteína que acelera reações químicas) chamada 5-alfa-redutase. A DHT é cinco vezes mais potente que a testosterona e é o hormônio chave no surgimento da alopecia androgenética. O fato de que os receptores para este hormônio não se encontrarem distribuídos igualmente em todo o couro cabeludo explica os padrões de perda de cabelos.

A miniaturização dos fios é o que leva ao desaparecimento do cabelo em determinada região. No entanto, o exato mecanismo envolvido permanece desconhecido, acredita-se que os hormônios masculinos, através de sua ligação com os receptores localizados nos pelos, levem a uma alteração do crescimento.

O diagnóstico é essencialmente clínico, ou seja, feito apenas através do exame físico. É importante puxar os cabelos, para diferenciar de outras causas de queda. A dermatoscopia (exame com lente) permite visualizar os pelos diminutos e colabora com esse diagnóstico, sendo útil também no seguimento do paciente. Outros recursos diagnósticos como biospia, tricograma e videodermatoscopia podem ser utilizados, dependendo de cada caso.

Como tratar?

Neste primeiro momento, serão indicadas medicações tópicas como o minoxidil, xampus específicos e loções. Caso seja necessário e o paciente concorde, pode-se lançar mão da finasterida, medicação oral. Salientamos que ambas as drogas citadas estimulam o crescimento do cabelo em alguns homens, mas são mais úteis como prevenção das manifestações clínicas do que como recuperação da calvície. Como a doença é crônica e evolutiva, o tratamento deve ser instituído precocemente e mantido por tempo prolongado.

Ambas as drogas têm um bom perfil de segurança. O minoxidil, usado a 5%, é uma medicação usada no local, sob a forma de loção capilar, duas vezes ao dia, no couro cabeludo seco. No início, durante os dois primeiros meses, pode haver aumento da queda dos cabelos, que deve ser interpretada como indicativa de boa resposta ao tratamento. O pico de ação ocorre por volta de 16 semanas de uso. Os efeitos colaterais mais comuns são: irritação local, aumento dos pelos em locais indesejados (face e mãos) e taquicardia.